Nota Técnica: Transporte de coelhos aos frigoríficos

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Por: Por: 1) Yuri De Gennaro Jaruche - Zootecnista pela UFMG e Mestrando em Produção de Não-Ruminantes pela UEM, com enfoque em Cunicultura.
Endereço de contato: Rua Prof. Antônio de Santa Rosa, n°64, Bairro Jardim Universitário, Cidade de Maringá, Paraná (PR)
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2) Luiz Carlos Machado - Professor do IFMG Bambuí,Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

3) Marcos ferreira Kac - Médico Veterinário, Coelho real,Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

Essa nota técnica visa responder as principais dúvidas que surgem no momento do envio dos coelhos para abate e qual o melhor peso para engorda.

Os consumidores brasileiros exigem qual tipo de carcaça de coelhos?

Ainda que as exigências dos consumidores brasileiros variem quanto ao peso da carcaça dos coelhos, a maioria busca carcaças mais pesadas, entre 2,0 e 2,5 kg ao invés dos 1,6 e 1,9Kg. Obrasileiro prefere carcaças maiores por causa dos rendimentos, porém, dão preferência aos cortes comerciais por diminuírem o tempo empreendido no cozinhar e direcionar melhor os pratos.

 

Os frigoríficos pedem quanto de peso vivo dos coelhos?

Os frigoríficos preferem animais mais pesados, conforme as exigências de mercado, com pesos entre 2,7 e 2,9Kg. Eles argumentam que é necessário 30 dias de gestação da coelha, mais 70 dias de engorda para que os coelhos de abate cheguem próximo à 2,3Kg. Duas semanas a mais, eles chegam entre 2,7 e 2,9Kg, ou seja, 400–600g de diferença, algo em torno de R$2,00–2,50/coelho a mais. Ainda que os coelhos consigam comer quase o mesmo valor em ração, os frigoríficos atestam quanto mais valor arrecadado no final do produto, mais os custos são diluídos. A exemplo, ganhando-se R$13,00 em um coelho ou R$15,00 no mesmo animal, mesmo que ele coma quase os R$ 2,00 da diferença, o cunicultor receberá mais por diluir melhor seus custos fixos.

 

As pesquisas indicam qual peso que os coelhos deveriam ter para máximo lucro do cunicultor?

Conforme a curva de crescimento dos coelhos, quando estes chegam próximo a 2,5kg, para ganharem mais peso, irão consumir mais ração e ganhar menos peso. As pesquisas afirmam que a conversão alimentar desses animais não é vantajosa para os cunicultores. Os experimentos propõem 2,00-2,3Kg de peso vivo porque está próximo ao ponto de máximo da curva. Em outras palavras, a partir de 2,3Kg aos 70 dias, o coelho come mais e engorda menos. Além disso, uma carcaça de coelho aos 90 dias de idade possui mais gordura, diferindo do que o consumidor brasileiro procura ao comprar carne de coelho. O mercado acaba regulando essas exigências. Os pesquisadores acreditam que o peso ideal, associando custos e benefícios, esteja próximo a 2,5kg.

 

Antes do transporte dos coelhos, quais as recomendações que devem ser seguidas?

Ø  Água: Os animais devem ter ingerido bastante água para não sofrerem com a sede e diminuir a possibilidade de morte por desidratação no trajeto;

Ø  Jejum: Cumprimento de 10 horas de jejum pré-abate, sendo que o tempo durante o transporte conta. Por exemplo, caso viaje apenas uma hora, precisa cumprir seis horas de jejum na propriedade e mais três horas de descanso no frigorífico antes de serem abatidos. Esse jejum é para deixar o trato digestivo o mais vazio possível, para quando executar a evisceração, diminuir o risco de romper o estômago ou os intestinos e contaminar a carcaça com bolo alimentar ou fezes, o que é passível de condenação parcial ou total da carcaça, conforme nível de contaminação;

Ø  Atestados: A exigência para exportação é exigida para todos os animais recebidos devem vir com um atestado sanitário, dizendo que além de estarem sadios e não terem tomado nenhuma medicação dentro do período de carência de cada um, ainda cumpriram o jejum pré-abate;

Ø  Gaiolas: As gaiolas de transporte devem estar em acordo com as necessidades dos coelhos, dando preferência às gaiolas convencionais de transporte de aves (por serem de plástico são fáceis de serem lavadas com água, sabão e desinfetantes, o piso inteiriço não machuca as patas dos animais e possibilita colocar um grande número de animais), apesar de poder usar as próprias gaiolas de ferro ou caixas de madeira;

Ø  Contenção: Não se deve segurar os animais na pele do dorso para evitar que as carcaças fiquem marcadas pelo rompimento dos pequenos vasos sanguíneos. Devem ser contidos conforme recomendação técnica e sempre de forma calma, tranquila e com segurança;

Ø  Horário: As melhores horas são no início da manhã ou no final da tarde, pois nesses horários a intensidade de radiação solar está bem mais amena. Os horários entre 11:00hs e 15:00hs estão consagrados com grande intensidade solar, prejudicando a troca de calor dos animais com o ambiente, predispondo os animais à morte súbita por excesso de calor;

Ø  Tempo: Preferível levar os animais fora das épocas de chuva para não prejudicar os animais.

Além do frete, quais as outras preocupações ao transportar os coelhos?

O cunicultor deve-se preocupar em conhecer o caminhoneiro, seu caminhão e o valor do transporte (este deve ser combinado antes). É necessário expedir o guia de transporte animal (GTA) e possuir as caixas para transporte. Importante salientar que alguns estados cobram impostos para abater coelhos, a exemplo do Estado de Minas Gerais (MG).

O máximo de coelhos que podem ser colocados numa mesma gaiola seria quanto?

Doze coelhos em distancias curtas, dez em distância mais longas e nove ou oito em longas distâncias. Pede-se, em todos esses casos, prudência e bom censo de cada cunicultor.

As gaiolas de transporte, os cunicultores devem adquirir ou o frigorífico disponibiliza?

São de responsabilidade dos cunicultores. Caso os frigoríficos emprestassem, o custo de abate seria ainda maior e seria muito difícil atentar-se à planilha de devoluções.

O principal meio de transporte e veicular para levarem os coelhos, quais seriam?

O transporte rodoviário feito por caminhões ainda é o principal meio de transporte para levarem coelhos até os frigoríficos, assim como ocorre com a maioria das outras criações.

 

Os caminhoneiros cobram quanto e de que forma?

Os caminhoneiros cobram entre R$1,00 e R$1,50 o quilometro rodado, ida e volta, mesmo que retornem vazios. Alguns caminhoneiros cobram valor fechado, ou seja, o valor da ida é o mesmo valor da volta, enquanto outros cobram valor aberto, um preço maior na ida e menor na volta, mas, de uma maneira geral, são equivalentes. É recomendado que o cunicultor procure os caminhoneiros de sua cidade e verifique outras possibilidades. 

Para compensar o transporte, qual o número mínimo de coelhos a serem abatidos?

É fundamental que se envie pelo menos um coelho para cada quilometro rodado, considerando o trajeto de ida e volta, porque cerca de 10% do valor recebido será destinado para pagar o transporte. 

Existe uma carga máxima de gaiolas a serem empilhadas uma acima da outra? 

Não, mas recomenda-se prudência, pois dependendo da velocidade nas curvaturas é capaz das grandes pilhas seguirem a tangente. O transporte deve ser feito principalmente à noite, por ser horário de menor temperatura ambiente. 

 

Existe um espaçamento mínimo entre as gaiolas de transporte?

Ao transportar três fileiras de caixas deve haver um espaçamento entre 10 e 15cm entre elas, para ventilar as caixas da fileira central, da mesma forma que fazem com frangos. O ideal é parar o caminhão o mínimo possível, para não parar a ventilação. Ao transportas apenas duas fileiras, não há necessidade. 

Deve-se proteger as gaiolas com algum tipo de cobertura?

Não se encobre com lona nem nada do gênero. Quando se chove, são transportados assim mesmo, sem problemas, pois os pelos dos animais além da alta densidade, possuem certa oleosidade que dificulta a penetração das gotas de chuva à pele. Ao chegarem no abatedouro são rapidamente transportados e abatidos.

 

Os animais podem ser levados soltos na caçamba de um carro com carroceria ou caminhoneta?

Caso opine por viajar com os coelhos soltos, há necessidade de colocar divisórias. Com 60 coelhos soltos na caçamba, por exemplo, dividir pelo menos em quatro partes, sendo que cada parte irá ter quinze coelhos, senão, conforme o carro ou caminhoneta for movimentando-se e frenando, todos os animais irão sendo empurrados para frente. Instintivamente, eles procurando buracos, acabam embaixo uns dos outros, podendo morrer sufocados.

 

Quando o caminhão chega ao frigorífico, qual o procedimento adotado com relação aos coelhos?

Primeiro são realocados nas caixas do frigorífico, pesados na frente da pessoa que está levando (responsável pelos animais) e ela sai com um recibo do peso e do valor que será depositado. Depois os animais vão para a sala de abate, onde devem cumprir pelo menos três horas de descanso para serem abatidos. Nessa troca de caixa, observa-se os animais para verificar algum morto ou muito debilitado. Os mortos vão para necropsia e depois para o forno crematório. Os muito debilitados não são comprados, ou manda-se de volta ou sacrifica-os. Por fim a inspeção, propriamente dita, é feita na hora da insensibilização e pendura.

O prejuízo sobre a taxa de mortalidade recai sobre quem?

Ainda que o cunicultor assuma o prejuízo sobre a mortalidade de coelhos no transporte, a sua taxa é mínima. A taxa de mortalidade é de um ou dois animais a cada mil animais transportados (0,1 a 0,2%), mesmo vindo 10, 11 ou 12 animais por caixa.

 

Os coelhos perdem quanto de peso ao serem transportados?

Deve-se chamar atenção ao fato de que todos os animais perdem peso durante uma viagem, seja ela curta ou longa. Essa perda de peso fica entre: 3 e 5% em viagens com menos de 400Km; 6 e 7% em viagens próxima à 500-600km; 8 e 9% quando for percorrido 700-900Km; 10 e 11% nas distâncias de 1000-1100km ou 12 e 13% em viagens de 1.200km. Essa perda de peso deve ser considerada pelo cunicultor, pois os frigoríficos pagam pelo peso vivo e quanto maior for a perda de peso, menor é o valor pago. São apenas estimativas que variam conforme o tipo de transporte, condições climáticas e tempo, entre outros.