Nota técnica: Informações pré-abate

Por: Marcos Ferreira Kac – Médico Veterinário e Cunicultor. Coelho Real

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Quando falamos em animais para abate, muitas dúvidas surgem, quanto a raça, cor de pelagem, peso, sanidade, características de transporte, entre outros. Essa nota técnica tem o intuito de esclarecer algumas dessas dúvidas e ajudar os produtores que querem ingressar na cunicultura, atividade que muito tem a crescer em nosso país. Para facilitar o entendimento, esclarecemos:

  1. 1) Porque abater coelhos no Brasil se não temos costume de comer essa carne?

O consumo da carne de coelhos no Brasil vem crescendo ano a ano, a nosso entendimento, principalmente por 4 motivos:

a) O brasileiro está cada vez mais se preocupando com a saúde e a carne de coelho é extremamente saudável, apresentando baixos índices de gordura e colesterol, fácil digestibilidade, versatilidade no preparo além de diversas outras qualidades;

b) Essa carne está com preço cada vez mais competitivo, visto que tivemos aumentos significativos nos preços das carnes mais comumente consumidas (bovina, suína e aves) e a carne de coelhos teve leve reajuste e em algumas situações até inferior à nacional.

c) Seja através do “boca a boca” ou simples ações de marketing desenvolvidas por cunicultores e pela própria  ACBC, a divulgação da carne tem sido feita eficientemente. Mesmo assim o consumo anual comparado às outras carnes é ainda insignificante.

d) O “preconceito” em consumir carne de coelhos está diminuindo cada vez mais, pois as pessoas estão se conscientizando que o coelhos não são apenas para uso pet (como os mini coelhos) mas também um animal de elevada produtividade, capaz de produzir anualmente 120 kg de peso vivo utilizando uma coelha em uma área de aproximadamente 2m2.

 

2) Qual a melhor raça e cor de coelho para criação? Qual peso indicado para abate?

Os abatedouros costumam comprar coelhos de qualquer raça e cor, desde que respeitem o peso exigido pelo comprador. Alguns dão preferência por coelhos acima de 2,2 kgs, enquanto outros acima de 2,5 kgs. Mas, a raça mais usada em nosso país é o Nova  Zelândia Branca, pois são consideradas as melhores “mães”, proporcionando boa relação custo benefício. Outra raça de tamanho médio, como o Califórnia, também é indicada, mas ainda pouco utilizada no Brasil. Cruzamentos usando machos meio sangue gigantes ou oriundos de melhora genética como a desenvolvida na UNESP de Botucatu (Raça Botucatu), são indicados pois consegue-se filhotes com uma conversão alimentar melhor, tendo período de engorda mais rápido. A melhoria genética do plantel exige muito tempo e dedicação dos produtores, o que será facilitada num futuro a partir da implementação do uso de inseminação artificial.

 

 

  1. 3) Quais as exigências sanitárias para os coelhos de abate?

No Brasil ainda não existe uma norma específica, o importante é que os animais sejam criados respeitando as normas básicas de higiene, de criação humanitária e bem estar animal. Há que utilizar locais adequados, com conforto térmico, alimentação de boa qualidade, fornecendo água de boa qualidade e a vontade.

 

  1. 4) Como deve ser o transporte para abate?

Os animais podem ser acondicionados em caixas de madeira, plásticas, de ferro, etc, desde que sejam transportados ventilados e de preferência durante a noite ou madrugada, evitando as horas quentes do dia. Esse tema já foi detalhadamente descrito e se encontra no no link:  http://acbc.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=229&Itemid=276

 

  1. 5) Há outras exigências?

Outra exigência importante, a qual também é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, principalmente quando o frigorífico visa exportar a carne abatida, é quanto a presença de resíduos de medicamentos, promotores de crescimento, etc, na carne ou órgãos dos animais. É imprescindível que os produtores respeitem o período de carência de cada medicamento utilizado, antes de enviar os coelhos para abate.

Além da preocupação com os animais propriamente ditos, o produtor tem que se preocupar com a certeza de venda da produção e portanto é necessário que se firme com o frigorífico, uma parceria de compra, para não correr o risco deste último não ter pra quem vender os coelhos posteriormente. Esses contratos são fundamentais para organização de ambas as partes e para que cresçam juntos.